Ser voluntário é ser mais alto

– Era melhor teres vindo à mesma hora – disse a raposa. – Por exemplo, se vieres às quatro horas, às três, já eu começo a estar feliz. E quanto mais perto for da hora, mais feliz me sinto. Às quatro em ponto hei-de estar toda agitada e toda inquieta: fico a conhecer o preço da felicidade!.

Todos os domingos, às três, aprendo um bocadinho mais sobre a felicidade.

Convosco aprendi mais sobre o amor incondicional, sobre o cliché do “dar sem receber”. Sem receber o quê? Achei que ia ajudar mas acabou por ser um ato egoísta: vocês é que me ajudaram, e tanto.

O domingo deixou de ser o pior dia da semana porque se seguia uma segunda cinzenta e passou a ser o dia porque ansiava!

Tenho uma vida terrivelmente monótona (…) Por isso, às vezes, aborreço-me um bocado. Mas se tu me prenderes a ti, a minha vida fica cheia de sol.

Juntos trabalhamos inseguranças, a ansiedade de percorrer corredores estreitos, o escuro, a incerteza, o abandono, enfim, os maiores vossos medos (ou seriam os meus?).

Trabalhei a elasticidade do meu coração, derreti os pedacinhos mal descongelados, aprendia gerir as minhas emoções para poder gerir as vossas. Inspirar fundo, endireitar as costas, relaxar os músculos e enfrentar a vida de cabeça erguida.

Havia dias em que o barulho era ensurdecedor, 600 cães que ladravam e eu debaixo de água sem conseguir emergir. Desilusões de amor. Senti uma fenda profunda no meu coração ao ver aqueles que voltaram costas à vida, que desistiram. Falta o ar e dói o peito, como é que se para isso?

Convosco percebi que temos mesmo missões nesta vida, que não estamos cá por acaso e não nos podemos ir indiferentes. Ajudaram a escavar fundo na minha alma até descobrir o osso enterrado e – prometo-vos – qualquer que seja o cantinho do mundo em que me encontro, hei-de sempre lutar por vocês.

Ser voluntário é dar e receber, é lutar por uma causa, é definir a nossa identidade. Ajudar sem pretender nada em troca traz a melhor das recompensas.

– Os homens já não se lembram desta verdade – disse a raposa. – Mas tu não te deves esquecer dela. Ficas responsável para todo o sempre por aquilo que cativaste. Tu és responsável pela tua rosa…
– Eu sou responsável pela minha rosa… – repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer.

Gilda, Danko, Blackie, Baldo, Monet, Pegasus, Dylan, Buddha, Vasco, Brenda, Dea, Casper, Ginger, Roger, Scooby, Patchouli, Lenetto, Frangetta, Marisa, Lontrino, Rocky, Nebbia, Ciuffetto, Marocco, Geppo, Yoda, Pippo, Mr. Lupo, Ray, Lupo Alberto, Freddy, Sansa, Panfilo, Rombo e tantos outros nomes, ou jaulas sem nome, números, sem mais história do que a rua onde foram encontrados.

By Marta

Este é um espaço onde se cruzam pensamentos, línguas, histórias deste mundo e dos que criamos. Um blog e portefólio pessoal, onde o universo de cada um de nós é atravessado por uma linha transversal de emoções, ideias e sonhos.

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