Um, dois, três.
Acende, apaga, acende.
Avanço, recuo, avanço.
Inspiro, expiro e inspiro. Sinto-me rebentar.
Endireito as rugas da saia sem sucesso. Aliso-as com os dedos. Enquanto faço pressão parece perfeita.
Fecho, abro, fecho.
Os degraus são infinitos e acabam mal. Chamo o elevador, três vezes.
“Tin-dim”
“Dim”, repito para mim mesma.
Pedi-te que me voltasses a ligar.
Ligas, eu ligo, tu ligas.
Deixei tocar três vezes. Disse-te adeus três vezes.
“Adeus, boa noite. Beijinhos, beijinhos… beijinhos”.
Tento fazer sequências. Tento mudar.
Três foi a conta que Deus fez.
Eu, tu, uma criança.
“Ou um cão”, dizias tu com um sorriso trocista.
Não, não e não.
Era tudo o que eu queria, que implorava ao Pai, Filho e Espírito Santo.
Nada. Vazia.
Eu e esta casa. Perdi-a, perdi-te e perdi-me.
Saio do prédio em três passadas.
Rodo a maçaneta três vezes.
Adeus, adeus e adeus.