Pára de olhar assim para mim.
Com esse sorriso malandro de quem tem gosto pela batalha.
Espada em riste dás os primeiros passos com ligeireza. Espadachim exímio na arte deste jogo de forças. Dás golpes certeiros, constantes, pungentes.
Sempre com esse sorriso na cara.
Fecho os olhos para esquivar-me desse canto da boca que ri. Tento erguer o meu escudo, dar um passo para trás. Ganho coragem e respondo ao teu ataque. Caminho determinada na tua direção e ergo a espada bem alta.
As nossas forças cruzam-se como num braço de ferro sem fim.
Resisto a todos os teus ataques, ripostas a cada movimento meu. Pões toda a tua fúria na tua força e eu ponho o coração na minha estratégia. Caio ao chão, perco os sentido desta dor. Dás-me a mão e ajudas-me a levantar.
As palavras que trocamos são como este jogo: suaves e mornas passam a afiadas e letais. Sacudimos o pó das quedas, investimos sem cessar, nas pausas silenciosas repomos o fôlego, falha-nos a coragem e transbordamos de medos.
Deixamos cair o escudo que mostram as feridas profundas da batalha. Não há vencedores neste duelo. Caminhamos na mesma estrada para nunca nos cruzarmos.