Resplandecente mãe da noite. Magnânima, abraça as criaturas notívagas, umas vezes dando conforto e, outras vezes, maldosa, expondo-as aos perigos escondidos na sombra.
Dela, os homens esperam que traga sorte, boas colheitas, noites longas. Olham-na com olhos suplicantes, extasiados quando se mostra em todo o seu esplendor.
Mas ela faz-se rogar. Esconde-se na sombra e faz-se cada vez mais pequenina. Crescendo, pouco a pouco, com a fé de quem a olha.
Um espetáculo a solo que representa, dia após dia, época após época, para um público variado. Mas sempre o mesmo número.
Hoje o céu está escuro como nunca antes.
As estrelas espreitam à procura de um sinal do início da sua performance.
Espreitam, esperam, exasperam.
A lua deitou-se em Sarakiniko. Cansada, estende-se sobre a terra, abraçando de perto todas as criaturas por quem velava. A seu lado, o mar acaricia-a com um embalo, até que ela adormece profundamente.
Os homens perscrutam o céu em vão. A lua, saberão alguns em breve, está em Sarakiniko. Fartou-se da sua solidão. O seu peito está agora quente de sol. É embalada pelo canto do mar e beijada pelo vento.